sábado, 31 de julho de 2010

Um encontro na noite

Pablo havia terminado seu último namoro há uns cinco meses, quando decidiu sair sozinho para o centro da cidade. Estava à procura de uma nova namorada: não era muito exigente, mas tinha alguns critérios. Entrou num bar, onde havia bastante gente e algumas pessoas estavam dançando. Ficou no balcão até que viu uma mulher linda, sentada em uma mesa, acenando na direção dele. Não acreditou que seria com ele, parecia uma visão do paraíso, mas depois da insistência da moça, Pablo foi se sentar com ela, e iniciaram uma conversa animada.
Entre um copo de cerveja e outro, Pablo soube que seu nome era Laura e os dois foram criando uma proximidade. Pablo era bonito e interessante e eles começaram a namorar. Três meses depois, tudo ia bem e Pablo achou que a relação prometia. Ele, apesar de ser um pouco nervoso, era educado e sempre a levava em bons restaurantes e ela retribuía sendo sempre muito carinhosa. Mas logo veio à tona um lado mais perturbador de Laura: seu comportamento foi se tornando cada vez mais estranho e o amor de Laura transformou-se rapidamente em obsessão. Passou então a esperá-lo na porta de seu emprego e insistia em acompanhá-lo sempre até sua casa, e sempre dava um jeito de distanciá-lo dos seus amigos.
Certa noite, por volta de 22hs da noite, ao se aproximar de sua janela, Pablo notou uma luz fraca que vinha lá de fora do outro lado da rua, de frente ao seu apartamento. Quando percebeu do que se tratava, sentiu um frio na espinha. Lá fora no escuro, Laura segurava seu celular aceso, e ela ligava insistente para seu celular, ele decidiu ignorar e foi tentar dormir, pois estava muito irritado em pensar que ela estava lá fora o perseguindo, na sua própria casa. O tempo passava e Pablo, já não aguentando mais aquela situação, havia tomado uma decisão: escolheu o dia dos namorados, preparou um jantar no seu apartamento e ele deu a difícil notícia que não poderia ser mais seu namorado. Ela ficou furiosa e, num movimento rápido, encostou uma arma na cabeça de Pablo e disse-lhe:
- Pode tirar essa ideia da cabeça, até o fim da sua vida. Se você não for meu, você não será de mais ninguém!
E ela num acesso de raiva destruiu todo seu apartamento. Em seguida, o que parecia o minuto mais longo da vida de Pablo, Laura para, sai correndo e vai embora. No início, o término não foi tão fácil assim. Laura continuou telefonando todos os dias, e ele não conseguia se concentrar nem no trabalho e nem em casa, era assustador porque Laura o ameaçava todo tempo. Ele decidiu trocar o número de seu telefone e fazer uma viagem para descansar de tudo aquilo. Arrumou as suas coisas e pegou a estrada, resolvera acampar sozinho.
Pablo dirigia seu carro por uma estrada mais deserta, quando reparou que estava sendo seguido. Não pode acreditar que Laura o estava seguindo. Nervoso, Pablo para seu carro e caminha para o carro que o seguia constatando suas suspeitas. Porém, antes de ter qualquer reação, Laura aponta novamente aquela arma para ele, que pensou: “naquele ermo, ninguém ouviria um tiro”. Sentiu um frio lhe correr todo o corpo, estava refém daquela mulher louca e não podia fazer nada, senão corria o risco de ser morto por ela. Ele tentou se acalmar, entrou no carro dela que cedo ou tarde teria que parar em algum lugar e seria a sua oportunidade de sair daquela situação. Laura dirigia com a arma em punho e repetia:
- Você não será de mais ninguém!
Mas Pablo não prestava atenção, pois só pensava em como sair dali. Rodaram alguns quilômetros e Laura decidiu parar em um posto de gasolina. Desceram e ele estava sobre a mira da arma escondida sobre o casaco que Laura usava. Foi quando Pablo lembrou que Laura costumava deixar as chaves no carro. No estante em que ela se virou para o lado, Pablo decidiu que aquele era o momento de escapar e correu para o carro, mas seu coração disparou ao ver que as chaves não estavam lá. Laura abriu a porta, entrou e ligou calmamente o carro e voltou para a estrada. Pablo, assustado e cansado daquela situação, disse:
- Eu prefiro morrer a ser seu novamente!
E eles saem em disparada pela estrada. Laura sai do carro e, com um olhar frio, dá um tiro em Pablo, que é atingido na cabeça e cai inconsciente no asfalto. Laura sai dali e liga para a polícia no primeiro posto que encontra e conta que foram assaltados na estrada e que seu namorado estava morto. A polícia imediatamente partiu para o local e Pablo foi transportado em um helicóptero. Horas mais tarde, Pablo estava entre a vida e a morte em uma UTI do hospital da cidade mais próxima.
Três meses se passaram, e se foi pelas orações de seus familiares ou pela sua própria força e coragem, o certo é que Pablo foi se recuperando e surpreendeu os médicos, que tinham quase certeza que ele não iria sobreviver. Mas, com uma recuperação tão inesperada e rápida, com três meses e uma semana Pablo já havia recebido alta do hospital sem nenhuma sequela. Durante esse tempo, a polícia apurava os fatos e descobriram que a versão contada por Laura não fazia sentido e iniciaram uma longa investigação.
Um mês depois, Pablo senta-se frente a frente com Laura e ele conta toda a história e o terror ao qual passou. Laura percebeu que sua situação era complicada, pois até então sempre sustentava a mesma história (afinal, achava que Pablo havia morrido). Desesperada, implorava o amor de Pablo. Ela dizia que ele a tinha provocado, que ela estava disposta a esquecer tudo, que podiam começar tudo de novo e que as coisas iriam mudar. Mas Pablo fora taxativo: ele só queria que ela pagasse pelo que tinha feito a ele e que não podia sair impune. Sendo indiciada, no dia de seu julgamento, Laura desesperada confessa seu crime na frente de todos, e diante de tal situação ela é condenada a uma pena de 45 anos de prisão. Pablo, mais tarde em seu apartamento, olhando o entardecer daquele dia, agradecia a oportunidade que Deus lhe havia concedido de viver de novo e ter a possibilidade de desfrutar dias melhores.

Nair Rosa - 308

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