quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Em algum lugar, sempre há um amigo

João não tinha muitos amigos. Na verdade, só tinha colegas. E só os via na escola. Na sua rua, havia poucas crianças e de idades diferentes da dele. Para não se sentir muito sozinho, tinha um cachorro chamado Smith, seu fiel companheiro de todas as brincadeiras. Uma tarde, brincando com Smith perto do riacho, que ficava há quase um quilômetro de sua casa, avistou um animal esquisito a uns cem metros. Resolveu chegar mais perto, mas logo mudou de ideia, ele não sabia o que era por isso ficou meio retraído. Porém, parecendo meio hipnotizado Smith, seu cão, foi andando ao encontro desse animal estranho e João chamava e gritava sem cessar para Smith!
- Smith, Smith, Smith, venha amigão, venha!
E foi com isso que João ficou mais apavorado, pois sabia que o seu fiel amigo sempre foi um cão obediente.
Quando João menos esperava, Smith parou e sem esperar, o tal animal estranho começou a se aproximar lentamente. João ficou meio sem reação por que viu que Smith estava totalmente hipnotizado e o animal estava só se aproximando até que chegou a Smith, que estava a uns cinquenta metros dele. De repente, esse animal abraça Smith e Smith parecia conhecê-lo: latia, abanava o rabinho, pulava.
João foi perdendo o medo e resolveu ir de encontro a eles. Quando foi chegando perto, viu o entusiasmo de Smith e começou a ver traços diferentes. Ele viu que não era um animal e sim uma pessoa. Para ser mais exato, uma criança de rua que estava com roupas velhas e cobertores sobre a cabeça. João logo perguntou, meio desconfiado:
- Você não é um bicho, é!?
- Você não está vendo? Não sou um bicho!
- Mas, de longe, você estava parecendo um bicho estranho!
Ele disse:
- Eh! Infelizmente é assim que a maioria das pessoas me veem, como um animal. Mas não sabem que sou apenas uma criança que não tem onde morar. A maioria das pessoas são assim, mas não sabem que estou com fome, precisando de um abraço, um carinho, alguém para me espelhar, um amigo!
João o interrompe:
- Sei bem o que é não ter amigos, só tenho uns coleguinhas de escola, mas é só. Qual é o seu nome? - João pergunta.
- Meu nome é Pedro, e o seu?
- João. Você quer ser meu amigo?
- Mas, é claro que sim. Você não se importa por eu ser um menino de rua?
- Nem um pouquinho. Vamos até minha casa.
- Mas, e seus pais?
- Eles são muito bons, eles vão gostar de você!
- Tem certeza que não vão se importar?
- Claro, conheço meus pais.
E foram brincando pelo caminho: João, Pedro e Smith. Chegando lá, chamou sua mãe e contaram a história de Pedro. Ela ficou muito comovida e decidiu fazer alguma coisa pelo menino. Pediu-lhe para tomar um banho e lhe deu roupas limpas. Conversou com seu marido e decidiram investigar sobre a vida do menino. Mas não conseguiram nada e resolveram perguntar pelos seus pais e ele, meio retraído, disse que seu pais tinham morrido, e ele estava só. Eles o perguntaram se queria morar com eles, e ele disse:
- Como uma família?
Eles disseram:
- Uma família. Mas é claro.
- Eu vou ter um irmão, que legal.
No dia seguinte, foram ver o que precisava para adotá-lo e rapidamente resolveram o caso da adoção.
E João não ganhou só um amigo, mas ganhou um irmão...

Fábio - 306

Um comentário:

  1. Aprendi mais uma vez que pessoas são feitas de realidades diferentes da minha e que quando escolho amá-las, cabe a mim fazer algo por elas que vai valer a pena.

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