terça-feira, 10 de agosto de 2010

O lugar secreto

Marta havia se mudado com sua família para uma casa na periferia. A casa era bem antiga, mas era muito espaçosa, havia quartos que não iria usar e outros cômodos que nem havia entrado. Depois de terem colocado as coisas no lugar, todos foram para a cozinha, mas Marta decidiu dar uma olhada em um quarto que havia permanecido fechado. Ele tinha uma porta diferente de todas as outras, era estranha e muito velha. Marta tentou abri-la, puxou com muita força, mas não conseguiu, estava fechada. Começou a examinar a porta e percebeu que ela era resistente, apesar de parecer velha e ter até umas lascas, a porta era boa, olhou por debaixo dela e viu um lugar com luminosidade. Que estranho. Pensou. Foi então que sua mãe a chamou, era melhor ir, mas estava disposta a descobrir o que havia ali.
Os dias foram passando e Marta não tirava a porta da cabeça. Porque tanto mistério? Seus pais não falavam nada sobre o assunto e por isso ela resolveu não perguntar. Mas o pior é que até agora ela não fazia ideia de como entrar ali.
Foi então que um dia, andando pelo quintal, viu uma janela diferente, ela estava bem alta e era larga e estreita. Ótimo para iluminar um quarto secreto. Pensou. Formou uma pilha de tijolos para dar altura e pulou a janela, que era realmente a do quarto. Ele era espaçoso e estava cheio de poeira, mas o mais incrível é que tinha uma espécie de elevador, não como estes que nós estamos acostumados a ver, mas um muito antigo e que funcionava com cordas. Marta resolveu entrar nele e ver aonde chegaria, puxou as cordas e o elevador balançando começou a descer. Ela estava com muito medo, seu coração batia rápido como nunca, mas não sairia dali, era corajosa e amava desvendar mistérios. O elevador então parou em um quarto grande e cheio de coisas. Marta ficou com medo de ter alguém ali, mas depois de um tempo teve certeza que não tinha, aliás, parecia que há tempos ninguém entrava naquele lugar.
Começou a andar e ver um tanto de coisas, e teve certeza que ali era um laboratório. Viu muitos frascos, cada um com um líquido diferente: azul, verde, vermelho, preto. Mas o que chamou realmente sua atenção foram uns frascos que continham um líquido brilhante, que sozinhos, conseguiam iluminar o lugar todo, que não tinha janelas. Sem falar no esqueleto que viu, ele era enorme e cheio de detalhes. Tinha caixas e uma enorme estante com muitos livros, desde contos de fada e aventuras até enormes livros de português, biologia e química. O lugar era incrível.
Depois de um tempo, decidiu subir, já estava há muito tempo ali e sua mãe poderia sentir sua falta. Era difícil pular a janela, mas quase toda tarde, Marta voltava ao laboratório e nele passava horas, ela adorava aquele lugar, lia livros, fazia experiências e aprendia muitas coisas.
O laboratório também tinha mudado Marta de certa forma e seus pais perceberam. Ela estava mais alegre, esperta e comia como nunca, por isso estava mais forte.
Um dia, Marta decidiu contar aos seus pais sobre o lugar que havia descoberto, só não sabia como, estava com muito medo. Mas para sua surpresa, quando ela falou do laboratório secreto e as tardes incríveis que ela passava ali, eles riram. Na verdade, já sabiam que o lugar existia, tinham até a chave da porta, só não falaram nada porque era um porão velho. A casa era do seu tio avó, que quando morreu a deixou no testamento para eles. Ele era meio maluco, mas gente boa. Adorava ler e estudar, isso explica a quantidade de coisas que havia no porão. O que tinha nos frascos era somente água com corante, e os que brilhavam eram luminárias, que iluminavam todo o lugar.
A partir de então, Marta passou a ir sempre ao porão, sem ter que pular a janela ou escondida dos seus pais. Mas gostou de descobrir sozinha aquele lugar, pois não sabendo o que era deu muita importância e o valorizou, o que não faria se soubesse que era um porão, algo tão comum e simples.

Raiane - 308

3 comentários:

  1. Gostei muito do conto da Raiane, muito criativo!
    Adorei a parte que dizia que nos frascos haviam água com corante! E o conto nos fez perceber que passamos a dar valor à algo quando o mesmo é díficil de se adquirir, que se algo é fácil, não damos importância.
    Muito bom!

    Luana Bicalho - 307

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  2. Muito bacana a descoberta de Marta, mesmo que os pais já saibiam daquele porão, ela teve o prazer e a aventura de descobrir sozinha, oque foi uma novidade para ela.

    Rafael- 307

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  3. Gostei mais do início do conto. Acho que o final poderia ser com mais suspense e mistério, o final foi sem graça.

    Daniele Souza 307

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