terça-feira, 17 de agosto de 2010

Um final surpreendente

Eu sempre achei que a injustiça, era uma das coisas mais cruéis que existiam no mundo, e que quem a praticava não merecia perdão. Mas, depois que meu pai me contou uma história, passei a pensar diferente sobre esse assunto. Foi mais ou menos assim:
_ Há algum tempo atrás, em uma renomada empresa, trabalhava um funcionário, cujo nome era Carlos. Carlos era um funcionário competente e dedicado, que havia subido as escadas do sucesso, foi crescendo cada vez mais na empresa. Os papéis mais importantes passavam por suas mãos, até que com o passar do tempo ele havia conseguido um importantíssimo cargo na empresa, ganhava um ótimo salário. Mas, certo dia enquanto trabalhava ele notou que uma coisa terrível havia acontecido: toda a documentação da empresa estava manchada por café, documentos estes que eram importantíssimos para o seu funcionamento. Carlos se encontrava em pleno desespero:
_ “O que farei agora, isso não devia ter acontecido, estou arruinado, não posso perder todo esse dinheiro que ganho.”
Com um olhar desesperado, Carlos caminhava de um lado para o outro pensando no que poderia fazer para contornar a situação. O tempo passava e ele em nada pensava, a única coisa que vinha em sua mente era a sua demissão. Até que de repente chamaram por seu nome. Carlos percebendo que era o rapaz que cuidava da faxina o mandou entrar. Emanuel era o rapaz que fazia a limpeza, um homem de origem humilde que exercia seu trabalho com dignidade, não tinha muito tempo que trabalhava na empresa, por isso não tinha muita intimidade com os funcionários. Enquanto fazia a limpeza da sala, Carlos começou a olhá-lo e por um instante teve a péssima ideia de culpá-lo, pensava ele: “se eu culpá-lo ele será demitido; mas ele não fez nada, não posso fazer isso... mas afinal, o que é o cargo dele nessa empresa perto do meu, eu perderia muito mais que ele se fosse demitido.”
Emanuel nem sequer imaginava o que se passava pela cabeça de Carlos até que de repente ele se levanta de sua cadeira e com um olhar seco começa a dizer calúnias sobre Emanuel e o acusou friamente. Emanuel mal conseguiu se defender, Carlos o expulsou da empresa alegando ser ele o culpado pela desgraça que acabara de acontecer com os importantes documentos da empresa. Assim que Emanuel saiu dali cabisbaixo Carlos ficou por minutos imóvel, e toda aquela cena se passava diversas vezes perante seus olhos. Com certeza, ele havia se arrependido de ter feito aquilo. Mas o que fazer? Essa foi a única ideia que ele teve para salvar seu tão almejado emprego.
Emanuel ao sair disse:
_ Que Deus te perdoe por sair julgando as pessoas sem saber a verdade que se esconde por trás dos fatos.
Emanuel após pegar suas coisas e sair, sentou-se próximo à calçada e ficou a pensar no que faria da vida dali pra frente, pois ele precisava trabalhar para sustentar seus filhos pequenos. Como ele havia ficado viúvo, ele é quem cuidava das crianças.
Meu pai, um velho conhecido de Emanuel, trabalhava a poucos quilômetros de onde ele se encontrava. E ao passar de carro indo para o trabalho notou que era ele, seu melhor ou até mesmo seu único amigo, ali jogado no chão, triste e chorando. Meu pai não pensou duas vezes, parou o carro e foi abraçá-lo. Com um gesto amigo o levantou do chão e o levou consigo. Durante o percurso, Emanuel confessou ao meu pai o que havia acontecido, meu pai enfurecido queria acertar as contas com o tal Carlos:
_ Isso é uma injustiça, e não pode ficar assim.
Mas seu amigo o acalmou lhe dizendo que o melhor remédio para essa injustiça era o esquecimento. Meu pai não entendia o porquê dessa calmaria toda de Emanuel sendo ele a vítima. Mas, enfim, mudando de assunto, meu pai ao contar a história de Emanuel para seu chefe, um homem de coração bom, o deu um emprego. Emanuel se dedicou de corpo e alma a esse emprego como ele sempre fazia e com o passar do tempo chegou até a ser promovido de faxineiro à recepcionista.
Passaram-se alguns anos e algo inesperado aconteceu. Emanuel fez um churrasco em sua humilde casa para comemorar mais um ano de vida. Estavam lá seus parentes e seus melhores amigos, inclusive meu pai. Estavam todos muito felizes se divertindo e dançado, até que de repente toca-se a campainha. Emanuel foi abrir a porta, aí então ele se depara com uma cena lamentável. Algo que por si só fez com que todos voltassem sua atenção para aquela porta. Era Carlos, estava como um mendigo todo sujo, suas vestes rasgadas mal cobriam seu corpo, o cabelo e a barba enormes (parecia até ter saído de um incêndio, estava deformado, irreconhecível). Dava dó vê-lo naquela situação, ele que era um excelente funcionário, competente, com uma carreira de sucesso agora se encontrava naquela situação e além do mais trazendo uma garrafa de álcool nas mãos... Emanuel ao vê-lo assim o abraçou e o chamou para entrar, enquanto Carlos só chorava.
Os amigos que o conhecia ficam sem entender nada, todos espantados com a atitude de Emanuel, começaram então a repreendê-lo. Foi aí que Carlos começou a falar:
_ Emanuel, você não sabe o quanto estou arrependido, fazer aquilo com você foi a pior coisa que eu poderia ter feito. Minha vida acabou naquele dia, eu fracassei, nunca mais fui o mesmo. A culpa me corroeu por dentro. Eu não estava mais tendo paz. Eu tinha feito aquilo tudo para salvar meu emprego. Foi eu quem manchou aqueles papéis, foi acidentalmente, mas agora eu vejo que não valeu a pena. Eu poderia ter acabado com sua vida. Perdoa-me? Mas se você não puder me perdoar eu entendo.
Meu pai entrou no meio da conversa falando:
_ Você vai perdoar esse Judas traidor, que te acusou de algo que você não fez?
Emanuel então levantou a cabeça e olhando firmemente nos olhos de Carlos lhe disse:
_ Eu não tenho nada que te perdoar, você já pagou pelo que fez agora que se arrependeu.
_ Emanuel, seu bobo, ele te acusou sendo inocente, você deve puni-lo por isso.
Emanuel sorrindo disse:
_ Não cabe a mim fazer justiça... apenas perdoar. Veja o exemplo deste homem, ele acabou sendo condenado por sua própria consciência. Um homem que tinha tudo na vida. Como Carlos agora não tem nada, nós temos que aprender a ajudar nosso semelhante a se levantar, é mais fácil criticar do que ajudar, não é?... quando eu mais precisei vocês, meus amigos, me ajudaram. Uma vez meu avô me disse um pensamento muito sábio que jamais vou esquecer:
“Cometer injustiças é pior que sofrê-las. Não há sentimento pior que o remorso.”
Alguns dias depois, Carlos foi encontrado morto em uma calçada próximo à empresa e ao seu lado uma placa com os dizeres: “Só agora ficarei em paz. Fui perdoado.”

Mike - 307

4 comentários:

  1. Na minha opinião o conto foi muito bem elaborado. Está tendo coerência e seguiu uma linha de reciocínio tornando fácil a compreensão.

    Edvan Soares Bastos - 306

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  2. Um final surpreendente sem dúvida e faz parte da realidade cometer injustiças e julgar as pessoas sem saber a verdade como está escrito: não há sentimento pior que o remorso.

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  3. O CONTO É UM POUCO TRISTE,MAIS MESMO ASSIM GOSTEI.DEVEMOS APRENDER A PERDOAR AS PESSOAS,SABEMOS COMO É DIFICIL MAIS O MELHOR A FAZER É PERDOAR,QUE FOI O CASO DE EMANUEL ELE FOI BASTANTE INTELIGENTE EM PERDOAR O CARLOS.
    DEVEMOS SEMPRE PERDOAR AS PESSOAS,POR QUE NÃO SABEMOS O DIA DE AMANHA,TALVES AMANHA EU QUE PRECISE QUE ALGUEM ME PERDOE ENTÃO 'PERDÕE'!


    AMANDA REIS
    TURMA:308

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  4. Mike Gostei muito do seu conto .. Mais principalmente do titulo dele que me chamou a atencao e que despertou o interesse de ver o final e que realmente foi surpreendente pois relatava da vida de um importante e renomado funcionario de uma empresa que devido a um acidente preferiu culpar um simples faxineiro , culpa no qual rendeu o emprego do humilde faxineiro que precisava de trabalhar para sobreviver e cuidar de suas criancas, mas o faxineiro tinha o coracao tao bom que nao teve odio e pediu o perdao de Carlos ( o renomado funcionario ) a Deus , com o passar do tempo Carlos ficou com aquele remorso e com o sentimento de culpa e se suicidou com os seguintes dizeres " Agora ficarei em paz , fui perdoado"

    Ramon Bruno 306

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